002# Uso de nicotina para perfomance

A nicotina pode ser utilizada como recurso ergogênico?

Bom dia! Que este novo dia traga consigo a promessa de descobertas e conquistas. Preparamos um conteúdo especial sobre nutrição esportiva para você!

A nicotina pode ser utilizada como recurso ergogênico?

SUPLEMENTAÇÃO

Sim, há estudos mostrando uma possível ação ergogênica da nicotina! PORÉM, não significa que se o indivíduo fumar um cigarro pra praticar uma atividade física, terá um aumento da performance. Antes de iniciar sobre o assunto, é importante destacar que é estabelecido pela ciência os danos atribuídos ao cigarro!

O consumo de tabaco pode contribuir para o desenvolvimento de diversas condições patológicas como: doenças cardiovasculares e pulmonares, e vários tipos de cânceres. Além de que, há uma relação negativa entre o exercício e o consumo de nicotina (oriunda do tabaco).

Agora vamos “falar” de perfomance x nicotina

  • O uso da nicotina, por meio do chiclete de tabaco, foi popularizado entre jogadores profissionais de baseball entre 1970 e 1980

  • Essa substância foi incorporada na lista da Agência mundial anti-doping (WADA) em 2o12, porém na lista mais recente (2024), essa substância não é mais proibida pela agência, ou seja, os atletas podem utilizar!

  • Como a cafeína, a nicotina é uma substância psicoativa, ou seja, ela estimula a atividade do sistema nervoso central, podendo culminar em uma ação ergogênica.

  • A nicotina por ser administrada através de gomas de mascar, spray intranasal e oral, chiclete de tabaco, rapé, …

Por que os atletas usam nicotina? 🤔 

As crenças dos atletas são de que o consumo de nicotina ou substâncias que a contenham, aprimorarão o tempo de reação e a concentração, além promover um estado de excitação. Esses relatos são respaldados por uma meta-análise que reportou que os efeitos estimulantes da nicotina aprimoram a cognição e a atenção.

O uso dessa substância é mais comum em atletas de futebol americano, hóquei no gelo, luta livre, bobsled, ginástica, rúgbi e esqui. Sendo que o consumo de nicotina e substâncias que a contenham durante competições ocorre em aproximadamente 25-50% desses atletas.

Mas eai, a nicotina realmente pode ser uma coadjuvante para atletas de alto desempenho? 🤔 

Uma revisão sistemática a respeito dos efeitos da nicotina no desempenho do exercício em indivíduos não habituados a nicotina, reportou que apenas um estudo apontou melhoras nos parâmetros em testes de endurance e na produção de força muscular. Vale a pena ressaltar, que os estudos contidos não apresentam uma homogeinidade com relação ao protocolo empregado e desenho do estudo.

A revisão concluiu que atualmente não há uma conclusão a respeito do efeito ergogênico da nicotina. São necessários estudos adicionais para esclarecer esse cenário. Sugere que futuros estudos devem ter um desenho duplo-cego, controlado por placebo, para minimizar o risco de viés. Além de um número amostral maior, dose e via de adminitração empregada.

✍️ Take home message:

  • A nicotina apresenta efeito psicoestimulante;

  • Essa substância é mais utilizada entre a esportes de equipe/força (por exemplo, futebol americano, hóquei no gelo, luta livre, bobsleigh, ginástica, rugby e esqui)

  • A atual base de evidências é limitada tanto em termos de quantidade e a qualidade dos estudos realizados.

Afinal, por quais mecanismos que a nicotina desempenha a sua função? 🧐

MERGULHANDO MAIS A FUNDO

A nicotina é estruturalmente semelhante a acetilcolina, desse modo, essa molécula é agonista do receptor nicotínico de acetilcolina. A nicotina desencadeia seus efeitos psicoativos ativando neurotransmissores como dopamina, serotonina e catecolaminas.

A administração de nicotina leva ao aumento da atividade de neurônios dopaminérgicos na área tegmental ventral e no aumento da liberação de dopamina no núcleo accumbens, mecanismos os quais podem fazer com que a nicotina seja viciante. 

Essa via mesolímbica, em resposta à nicotina em baixas doses exerce efeitos psicoestimulantes, enquanto em doses elevadas ocorre um efeito depressor através da ativação das vias endógenas de opióides. Caso queira se aprofundar mais sobre, indicamos essas duas leituras:

Yasmin Brunet e nutrição esportiva, qual a relação?

DISTÚRBIOS ALIMENTARES

(Imagem: Yasmin Brunet | Reprodução)

Há cerca de três semanas, a declaração da modelo Yasmin Brunet, participante do BBB24, sobre seu problema com “questões alimentares” foi muito repercutida na internet e foi pauta de muitas discussões. Mas fica tranquilo, não vamos falar de fofoca rsrs.

  • Reflexão: Geralmente, esses quadros de compulsão alimentar ou até mesmo de outros tipos de transtornos alimentares estão associados à artistas, músicos e modelos, os quais sofrem muita pressão de padrões estéticos por conta da alta visibilidade. Porém, não são só eles que sofrem desse problema…

Dados alarmantes!

🏢Uma declaração de posicionamento publicada pelo Instituto Australiano do Esporte (AIS, na sigla em inglês), alerta que estudos epidemiológicos apontam para um número crescente de atletas de elite (principalmente de esportes julgados esteticamente, gravitacionais e com classes de peso) com desordens alimentares (DE) e/ou distúrbios alimentares (DA).

Com base em um posicionamento do Comitê Olímpico Internacional (IOC, eles viram que a incidência de DE e/ou DA atinge níveis de até 19% entre atletas masculinos e até 45% entre atletas femininas. Além disso, a incidência de DE e DA é maior na população atleta em comparação a não atletas.

Um indivíduo com DE adota comportamentos como saltar refeições, comer compulsivamente e/ou alimentação excessivamente restritiva, desidratação ativa e passiva, uso de laxantes e diuréticos, entre outros, podendo progredir para um DA.

👉 Simplificando a imagem acima, imagine dois extremos: a nutrição otimizada de um lado, e os distúrbios alimentares, em outro. Entre eles estão as desordens alimentares.

De acordo com as fases de treinamento (off-season, preseason ou in season) o atleta pode flutuar entre a nutrição otimizada, DE e o DA. Isso implica em maior tempo para retornar ao condicionamento físico ideal após a off-season, na queda da performance, além de atrasar a recuperação entre os treinos.

A cultura do esporte: as pressões psicológicas específicas de cada modalidade e as comorbidades individuais dos atletas, muitas vezes, não recebem a atenção necessária por eles próprios e/ou pela equipe, por atribuirmos esses sinais à “frescura” e, consequentemente, o diagnóstico fica mais complicado.

De certa forma, enxergamos os atletas como super-heróis e pessoas ultra-resistentes. Isso torna o diagnóstico de um possível DE ou DA muito mais complexo.

Muito além da queda de desempenho…

O desenvolvimento da DE e/ou DA prejudica a integridade de diversos sistemas e aumenta a probabilidade do atleta sofrer com baixa disponibilidade de energia (LEA - low energy avaliability).

Quando em conjunto (LEA e DA), uma série de sinais aparecem, como a supressão de vários mecanismos fisiológicos, dentre eles a desregulação da função menstrual, deficiências na saúde óssea, gastrointestinal, endócrina, metabólica e imunológica, no bem-estar psicológico…

Veja que esses sinais afetam diretamente na capacidade de treinamento e recuperação, além de prejudicar a força, cognição, concentração, entre uma série de outros fatores. No contexto de atletas jovens, eles podem ter seu crescimento e desenvolvimento prejudicados.

🤔 E como o nutricionista entra na jogada?

Cabe destacar a importância do nutricionista esportivo ter conhecimento dos sinais e estar constantemente atento a eles (detalhados no artigo) além de compreender que a equipe multidisciplinar é fundamental para o tratamento eficiente. Com relação ao papel do nutricionista, a AIS reconhece que as características de uma dieta otimizada para o atleta inclui:

  • As suas práticas alimentares satisfazem a sua saúde física e mental;

  • São capazes de adaptar o plano alimentar para satisfazer exigências específicas do esporte;

  • São flexíveis quanto à relação com a alimentação, permitindo que comam socialmente;

  • Sem comportamentos restritivos (como evitar determinado grupo de alimentos, conter macro/micronutrientes em excesso e ter atitudes rígidas em relação à alimentação).

  • Devem ter uma imagem corporal saudável.

✍️ Take home message:

Vimos que o caso ocorrido com a Yasmin Brunet pode nos ensinar algo muito valioso e nos permite refletir sobre um assunto extremamente relevante e, infelizmente, pouco discutido dentro da nutrição esportiva, o que muitas vezes causa a impressão errônea de que “a nutrição esportiva é só contar macros”.

Para não esquecer, segue o resumo do resumo:

  • A prevalência de transtornos alimentares em atletas de elite está aumentando nos últimos anos (principalmente de esportes julgados esteticamente, gravitacionais e com classes de peso), esse número é maior entre na população atleta do que a não atleta e estes casos ocorrem em maior quantidade entre as mulheres.

  • A complexidade de trabalhar com os atletas, somado à cultura dos esportes, pode tornar a detecção e o tratamento desses transtornos ainda mais difícil.

  • É fundamental que o nutricionista tenha conhecimento dos sinais e que observem os atletas atentamente, além de ser capaz de elaborar um plano alimentar que ofereça ao atleta equilíbrio entre o conforto psicológico e o desempenho otimizado.

A relação entre a baixa disponibilidade energética (LEA) e a Síndrome da Deficiência Relativa de Energia (RED-S)

MERGULHANDO MAIS A FUNDO

Vimos que os distúrbios alimentares são um dos fatores que favorecem a ocorrência da baixa disponibilidade energética (LEA), a qual, por sua vez, é um dos pilares que sustenta a RED-S.

A RED-S, também conhecida como “Tríade da mulher atleta”, surgiu por volta da década de 60, quando pesquisas feitas em mulheres atletas com disfunção menstrual abriram margem para investigar as possíveis causas desse problema. Pesquisas posteriores notaram 3 sintomas frequentemente observados nessa população: distúrbios alimentares, amenorreia e baixa saúde óssea, caracterizando a tríade.

Pela relação direta entre os distúrbios alimentares, LEA e RED-S, sugerimos duas leituras para um maior aprofundamento no assunto:

Bora mais uma dose?

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